Por que nem todos podem comungar?
Religiosa
Publicado em 10/02/2020

Se Cristo andava com os pecadores, por que nem todos podem comungar?

É muito comum vermos Missas dominicais a imensa maioria das pessoas entrando na fila da Comunhão. Uma questão então se levanta: será que todas estas pessoas estão em condições de comungar?

Afinal, Deus escreveu pela mão de São Paulo: “Todo aquele que comer do Pão ou beber do Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer deste Pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo come e bebe sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).

O novo Catecismo cita também o que São Justino escreveu: “a ninguém é permitido participar da Eucaristia, senão àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, levar uma vida como Cristo ensinou.” (CIC 1355).

Leia também: “Quem comunga em pecado mortal, comunga sua própria condenação!” – Padre José Augusto

 

Por que isto ocorre? Por que nem todos podem comungar?

Isto ocorre porque o Santíssimo Sacramento não é um mero símbolo, e a Comunhão não é um mero ritual de partilha. O Santíssimo Sacramento é Nosso Senhor Jesus Cristo, realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade (a respeito disto, leia o folheto “Real Presença”). A palavra “Comunhão”, usada como maneira de referir-se à recepção do Santíssimo Sacramento, tem um sentido muito mais pleno que o que se poderia supor. Chamamos à recepção do Santíssimo Sacramento “Comunhão”, pois é da Eucaristia, do Santíssimo Sacramento, que vem a unidade da Igreja.

A Igreja, como Deus escreveu pela mão de São Paulo, é o Corpo de Cristo. Ao recebermos o Santíssimo Sacramento, que é Nosso Senhor Jesus Cristo realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nós nos unimos mais à Igreja. “O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só Pão, nós, embora muitos, formamos um só Corpo, nós todos que participamos do mesmo Pão” (1Cor 10,17).

Assim, comungar não significa simplesmente receber a Hóstia consagrada, muito menos mastigar um pedacinho de pão. É Nosso Senhor que recebemos, e d’Ele nos alimentamos para que mais nos unamos à Igreja. Não se trata de um ato sem qualquer significado; é uma ação que realmente nos transforma, é uma participação na divindade de nosso Senhor Jesus Cristo. É por isso que a Igreja manda que comunguemos de joelhos ou ao menos façamos um gesto de respeito, como uma genuflexão, antes de comungar. “Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele”, disse Nosso Senhor (Jo 6,57).

Para que isto ocorra, porém, como já lemos nas citações de São Paulo e São Justino, acima, é necessário que “examinemos a nós mesmos”, para vermos se “levamos uma vida como Cristo ensinou”, se “discernimos o Corpo”. O que é o Corpo de Cristo? É a Igreja. Quem nos ensina a levar uma vida como Cristo ensinou? A Igreja. Se nós nos separamos da Igreja, se nós não, como diz São Justino, “admitimos como verdadeiros os ensinamentos” da Igreja, nós não podemos comungar. Afinal, comungar é participar na Santidade de Cristo, na Santidade do Corpo de Cristo, que é a Igreja.

Receber o Santíssimo Sacramento sem estar em condições é “comer e beber a sua própria condenação”. E quais são as condições? Devemos:

1) Aceitar tudo o que ensina a Igreja (por exemplo, devemos aceitar que é pecado mortal usar pílulas anticoncepcionais, camisinhas, etc.; devemos aceitar que o casamento só acaba com a morte de um dos cônjuges; devemos aceitar que fora da Igreja não há Salvação; etc.). No caso de uma pessoa não saber que a Igreja ensina uma coisa, e negar esta coisa (por exemplo: Dona Maria não sabe que fora da Igreja não há salvação, e acha que seu marido pode ser salvo pela seita protestante a que se uniu), não há problema. A partir do momento em que a pessoa aprende o que a Igreja ensina, porém, deve aceitar o ensinamento e abandonar a idéia errada que tinha. Caso ela não o faça, ou seja, caso obstinadamente permaneça no erro, esta pessoa caiu em heresia, separando-se assim do Corpo de Cristo – que é a Igreja -, e como herege que é não pode comungar.

2) Estar em estado de graça. O que é o estado de graça? Não é uma sensação de bem-estar, como muitos acreditam. É estar sem pecado mortal, é ter a Graça Santificante. Pelo Batismo nós recebemos esta Graça, e a perdemos pelo pecado que é cometido deliberadamente (ou seja, por querer) e conscientemente (ou seja, sabendo que é pecado) em matéria grave (ou seja, em coisa séria, como o matrimônio, por exemplo). Ela pode ser recuperada pela Confissão (leia o folheto sobre a Confissão para aprender mais). Assim, quem tiver cometido um pecado mortal depois da última confissão não pode comungar, ou estará “comendo e bebendo a sua própria condenação”. Esta pessoa estará somando aos seus pecados anteriores o pecado de sacrilégio, ao introduzir em sua impureza e imundície o Corpo Santíssimo do Senhor.

Cabe lembrar que muitas pessoas confundem as leis da Igreja e acham que têm a obrigação de comungar todos os domingos. Isto não é verdade. A obrigação é de assistir a Missa inteira nos domingos e dias santos; a comunhão só é obrigatória uma vez por ano, no tempo da Páscoa. Assim, temos sim a obrigação de, uma vez por ano ao menos, fazermos uma boa confissão e comungarmos em seguida. É claro que, caso a pessoa esteja em condições, ela deve comungar sempre, preferivelmente todos os dias. Isto, porém, não é obrigatório. É perfeitamente aceitável passar o ano inteiro sem comungar, apesar do perigo que isso pode implicar para a alma (pois se a pessoa morrer em heresia ou pecado mortal irá para o Inferno).

Leia também: Quais as disposições para receber a Santíssima Eucaristia?

Resumindo, NÃO entre na fila da comunhão caso:

1) Esteja em pecado mortal (estão em pecado mortal: todas as mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais e os seus maridos que permitem que elas o façam; todos os solteiros que têm relações sexuais com quem quer que seja; todos os que, sem motivo justo, faltaram a uma Missa dominical ou de dia santo de guarda; todos os que deram dinheiro para associações anticatólicas, como a LBV; todos os que conscientemente permitiram que crianças tivessem acesso a pornografias e obscenidades, como as apresentadas diariamente na TV brasileira; todos os que leram e acreditaram em horóscopos, ou recorreram a videntes e cartomantes; todos os que cometeram qualquer outro pecado mortal depois de sua última confissão).

2) Não aceite completamente tudo o que a Igreja ensina (como a indissolubilidade do matrimônio, necessidade de pertencer à Igreja Católica para a Salvação, necessidade de castidade até o casamento) ou acredite em coisas contrárias à Fé católica (como reencarnação, “mau-olhado”, astrologia, tarô, etc.).

 

Fonte: Canção Nova/ Via: Templário de Maria

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