Com o sol forte e o calor da capital baiana, foi preciso retirar o terno para continuar mostrando todo o seu gingado aos 59 anos de idade, e não abandonar a luta logo de cara. Um vídeo foi gravado, e claro, viralizou no fim de semana nas redes sociais, afinal não é todo ‘santo dia’ que vemos um padre dando show em roda de capoeira. Mas foi o que aconteceu com o Arcebispo Metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni Castro, no último sábado (6).
O momento de descontração chamou a atenção de quem passava pela Praça do Pelourinho, em frente à Catedral. Dom Zanoni, como ele mesmo disse em sua conta no Instagram, não é capoeirista, mas aceitou o desafio.
“Nesse fim de semana fui a Salvador participar da celebração de acolhimento dos novos bispos auxiliares da Arquidiocese. Logo após a celebração, fui buscar o meu carro no estacionamento e passei pela praça em frente à Catedral do Pelourinho, onde me deparei com uma roda de capoeira. Os capoeiristas me chamaram ‘Vem cá, padre. Abençoa-nos!’ e nessa proximidade fui desafiado a gingar um pouco na frente desses lutadores”, afirmou Dom Zanoni.
Em entrevista ao Acorda Cidade, ele contou que nunca fez aula de capoeira, mas sempre teve vontade, desde adolescente. “Essa é a baianidade, o jeito baiano, esse gingado nosso. E a capoeira faz parte da tradição, da cultura, da raiz africana que gestou a população brasileira. Aqui na Bahia, Salvador é a cidade com maior número de afrodescendentes fora da África”, afirmou.
Segundo Dom Zanoni, a arte de lutar capoeira foi tratada até 1937 como um ato criminoso, assim como eram tratadas todas as práticas da população negra.
“Há a demonização, a criminalização da expressão popular, como também das religiões de matriz africana, como o candomblé era coisa de polícia. Eu creio que foi uma oportunidade de diálogo, de abertura, justamente eu que sou bispo referencial da pastoral afro-brasileira aqui no Brasil e represento a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Foi uma brincadeira que viralizou”, ressaltou.
O arcebispo lembrou também que, nesta segunda-feira (8), a Igreja também celebra a memória de Santa Baquita (Santa Josefina), religiosa do Sudão que foi escravizada e se tornou um símbolo da comunhão e da esperança. “A grande irmã universal.”
Com informações do Acorda Cidade